Acabou o Carnaval, tempo de folia e de disfarce em que diluímos as inquietações e damos asas ao sonho e à alegria.
Mas o mundo vive tempos conturbados, e o infinito poder da natureza manifesta-se fazendo-nos perceber que a sua força é muito superior à capacidade do homem de ter acesso a longínquas órbitas e planetas, ou prodigiosas descobertas tecnológicas.
Vivemos com medo dos perigos, das ameaças que vão mudando de forma, espaço e tempo, mas não podemos impedir que o futuro nos habite, transportando a tocha da esperança.
Temos de valorizar os pequenos gestos, descobrir novos céus e comparecer aos encontros que nos dilatam a alma.
Não podemos continuar a resistir ao confronto com o silêncio como tempo de procura, de espera e de ver o invisível, num processo transformador que faz ponte entre mundos.
A consciência de que a viagem não se cumpre só a olhar mecanicamente para o mapa faz-nos percorrer o caminho, adaptando e usufruindo do novo, não deixando escapar o detalhe e usando o conhecimento para uma melhor interação com o desconhecido.
Pequenas sementes lançadas na terra árida podem germinar e dar lugar a um campo florido!
(Manuela Resendes)