
Abro a janela do tempo e avisto o horizonte, que surge na minha retina como um enigma opaco. Em manhãs claras, descortino ilusões desenhadas nos recortes das sombras e invento pontes para a realidade, em tardes de céu ao rubro.
Perscruto a coreografia da dança das nuvens, carreadas pelo vento a uma distância imprecisa em harmoniosos movimentos num espetáculo irrepetível.
É nesta visão da liberdade que os sonhos vão faiscando, e através da sensibilidade do olhar o poema se escreve.
As velas brancas agitam-se ao vento, onde incide uma luz que tudo reveste, feita de estrelas cintilantes e de uma lua como um espelho.
Ganho assim asas de Condor que me permitem ir mais além, derrubando muros e desvendando mistérios manifestos.
Vou assim seguindo o fio da vida até ao infinito, porque o horizonte norteia mas nunca se deixa alcançar.
(Manuela Resendes)
