Abro a janela branca do tempo e percebo que estamos em vésperas de Natal…
Os sons dos outros lá fora não me soam melodiosos e desfaço-me deles. Exploro outros ecos, mais solitários, mas que me permitem sonhar com céus brilhantes.
Procuro no amor e na inspiração que os outros me aportam o sentido para este momento.
Vou dando à luz acordes da memória e a falta, mais do que a ausência, rasga a cortina e entra casa dentro, transportando consigo o futuro.
Percorro os caminhos da minha alma e tranco a porta a toda a maldade, fixando o meu olhar na beleza indescritível de um encontro, de uma palavra ou de um ato solidário.
Quero que o meu Natal exista para além das luzes e das prendas, do presépio e das iguarias, constituindo também um tempo de espiritualidade.
Estendo assim a passadeira, para dar os passos que poderão fazer de mim uma pessoa melhor.
Porque se queremos mudança esta terá de começar em nós….
Todos nós queremos sentirmo-nos imbuídos do espírito natalício…
Procuramos essas sensações no vento e na chuva, no céu e no mar, na música alusiva ao tema que toca sem parar.
Apesar dos silêncios infinitos com sabor a nostalgia, somos levados pela agitação da cidade, pelo reboliço em espaços comerciais e o ruído das crianças com os bolsos carregados de sonhos.
Queremos acreditar que seres alados nos vão trazer a paz que o mundo não carrega, a justiça que tarda em chegar e o antídoto para o sofrimento de tantos inocentes.
Damos agora mais atenção aos pobres e indigentes, como quem quer limpar a consciência, para melhor saborear os belos repastos e consumismos exagerados.
Decoramos a casa a preceito, com luzes coloridas e céus estrelados, para esquecer as trevas de outros dias.
Acendemos a lareira que nos aquece até o coração, e o crepitar da lenha transporta-nos para as emoções da nossa antiga idade, que agora só encontramos nos rostos das crianças.
Fico a pensar em que estrada, em que cidade, em que país, perdi a magia de que se fazia o Natal da minha infância.
Sempre admirei o Cristiano Ronaldo, desde o seu percurso de vida ao seu profissionalismo, entusiasmo e ambição.
Vibrei, e muito, com todas as suas conquistas e por ter levado o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.
Foram 20 anos de alegrias, troféus, recordes, e todo o tipo de conquistas, que fizeram dele o melhor do mundo no futebol.
Mas apesar de ter atingido este patamar, Cristiano Ronaldo nunca renunciou às suas origens e esteve sempre ao lado da sua família, proporcionando todo o conforto e bem-estar aos seus, o que diz muito do seu caráter.
Ronaldo tinha uma vida quase perfeita, família, amigos, bens materiais e realização profissional. Mas como a vida não é perfeita passou-lhe a pior “rasteira”, com a morte de um filho tão desejado e a doença da sua filha bebé.
Apesar de Ronaldo ser muito forte mentalmente esta situação está para além do que é suportável, impedindo que o seu equilíbrio emocional se restabeleça. Os feitos de Ronaldo não são deste mundo, mas felizmente ele é uma pessoa sensível, altruísta e atento ao outro. Assim, mesmo sabendo que poderia ser prejudicado no futebol, escolheu ficar com a sua família, para juntos ultrapassarem esse momento tão doloroso.
O que ele com toda a certeza não esperava era que um acontecimento de vida tão trágico não fosse acolhido com empatia, cuidado e tempo para a sua recuperação. Pelo contrário esse momento de vulnerabilidade foi aproveitado para ser humilhado, prejudicado e pressionado ao limite, para originar o erro que todos depois poderiam apontar.
E que gozo que isso tem dado a muitos: a oportunidade que tanto esperavam…
Não consigo compreender estas atitudes mesquinhas, mas menos ainda compreendo a ingratidão de tantos portugueses que guardaram “todas as pedras” para atirarem neste momento.
Mas Cristiano Ronaldo ficará sempre para o História, independentemente de fazer ou não um bom campeonato mundial, e os outros serão sempre os outros, sem nome nem história.
Olho o céu e fascina-me o movimento das nuvens que seguem apressadas, atravessando, indiferentes aos problemas do mundo, a luz discreta das tardes de outono.
As folhas dançam de forma elegante e harmoniosa, com coreografias feitas no ar ou no chão, num movimento interminável.
O sopro de vento vai descendo montanhas e, atravessando vales, abre brechas em algumas barreiras onde ficaram presos um punhado de sonhos, ampliando assim o meu espanto.
E porque a arte de iluminar a vida em situações de maior opacidade nos permite enxergar o futuro com tons mais coloridos, vamos retirar os automatismos do nosso quotidiano para que possamos ser todos os dias viajantes desta aventura que é a vida.
Vamos seguir como o vento, leves, livres e felizes!!!
Na última sexta-feira, dia 14 de outubro, o meu livro “Anatomia do Quotidiano” foi lançado em Ponta Delgada, numa sessão que decorreu na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. Na sessão intervieram a Prof.ª Ana Teresa Alves, que apresentou o livro, e a diretora da Biblioteca, Dr.ª Iva Matos.
Agradeço a todos aqueles que comigo quiseram partilhar um momento que recordarei para sempre.
No próximo dia 14 de outubro, pelas 18h00, será lançado o meu livro “Anatomia do Quotidiano”, num evento que terá lugar na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
O livro será apresentado pela Professora Ana Teresa Alves, da Universidade dos Açores.
Teria um grande gosto se puder contar com a vossa presença.
Hoje foi o dia de regressar às aulas para muitas crianças, numa rotina que apesar da mudança dos tempos tem sempre o perfume do Outono.
Recordo que na minha infância sonhava com este dia, com alegria e expetativa. As semanas que antecediam o regresso às aulas eram de preparação de todo o material para o novo ano letivo. Os cadernos eram forrados, os lápis bem afiados e tudo o que pudesse ser reciclado era, não sem emprestar o brilho do novo. Até a roupa era preparada com todo o cuidado, e estabelecida uma fronteira com a que se usava em casa…
Era o fim das “férias grandes”, que como o próprio nome indica de tão extensas se tornavam aborrecidas e pareciam simplesmente não terem fim. Instalava-se um certo tédio nos dias que corriam sempre iguais, e a aventura de novas aprendizagens era muito apetecível.
Atualmente tudo é diferente: as férias já não são “grandes” porque nunca se chega ao tédio, na medida que o tempo está sempre preenchido com múltiplas atividades e experiências, numa fuga à rotina, que parece revelar medo do ócio e do pensamento criativo que só o espaço livre proporciona.
Mas esse espaço em branco é o que permite criar, inventar, sonhar e sentir a alegria da descoberta de novos mundos.
E chegou ao fim agosto, mês por excelência do sol tatuado na pele, das emoções fortes, dos encontros e reencontros.
Agora é tempo de beber o orvalho de pétalas a desabrochar, com a luz límpida das manhãs em fundo.
É o momento de dar liberdade às “borboletas “que nos habitam, para que possam desafiar os horizontes, e desapegarmo-nos de tudo o que nos impede de dar o salto para o síitio onde habitam os recomeços.
Vamos transformar cada falso fim, cada momento áspero ou as rotas incertas em noites que embalam a lua para novos anseios.
Os dias sombrios serão iluminados pelas estrelas que irão desvendar caminhos desconhecidos para onde se verá a tocha da liberdade.
Deixar que o sol irradie pedaços de vida e deles faça nascer poesia em que as perspetivas se refaçam.
E lentamente a alma vai despertando e caminhando para um destino de Paz!
Um grande gosto ter sido entrevistada na Rádio Atlântida sobre o lançamento do meu livro “Anatomia do Quotidiano”.
Agradeço à jornalista Margarida Portela a e a toda a equipa pela receção calorosa.
Aqui fica o ficheiro áudio da entrevista..
O livro pode ser adquirido na ilha de Santa Maria na tabacaria do aeroporto. Em São Miguel pode encontrar-se na Livraria Letras Lavadas (Largo da Matriz, 69 R/C – Ponta Delgada) ou online (https://www.letraslavadas.pt/)