Festas Felizes

Abro a janela branca do tempo e percebo que estamos em vésperas de Natal…

Os sons dos outros lá fora não me soam melodiosos e desfaço-me deles. Exploro outros ecos, mais solitários, mas que me permitem sonhar com céus brilhantes.

Procuro no amor e na inspiração que os outros me aportam o sentido para este momento.

Vou dando à luz acordes da memória e a falta, mais do que a ausência, rasga a cortina e entra casa dentro, transportando consigo o futuro.

Percorro os caminhos da minha alma e tranco a porta a toda a maldade, fixando o meu olhar na beleza indescritível de um encontro, de uma palavra ou de um ato solidário.

Quero que o meu Natal exista para além das luzes e das prendas, do presépio e das iguarias, constituindo também um tempo de espiritualidade.

Estendo assim a passadeira, para dar os passos que poderão fazer de mim uma pessoa melhor.

Porque se queremos mudança esta terá de começar em nós….

Festas Felizes….com sentido!!!

(Manuela Resendes)

Espírito Natalício

Todos nós queremos sentirmo-nos imbuídos do espírito natalício…

Procuramos essas sensações no vento e na chuva, no céu e no mar, na música alusiva ao tema que toca sem parar.

Apesar dos silêncios infinitos com sabor a nostalgia, somos levados pela agitação da cidade, pelo reboliço em espaços comerciais e o ruído das crianças com os bolsos carregados de sonhos.

Queremos acreditar que seres alados nos vão trazer a paz que o mundo não carrega, a justiça que tarda em chegar e o antídoto para o sofrimento de tantos inocentes.

Damos agora mais atenção aos pobres e indigentes, como quem quer limpar a consciência, para melhor saborear os belos repastos e consumismos exagerados.

Decoramos a casa a preceito, com luzes coloridas e céus estrelados, para esquecer as trevas de outros dias.

Acendemos a lareira que nos aquece até o coração, e o crepitar da lenha transporta-nos para as emoções da nossa antiga idade, que agora só encontramos nos rostos das crianças.

Fico a pensar em que estrada, em que cidade, em que país, perdi a magia de que se fazia o Natal da minha infância.

Talvez o tempo me venha a saber responder…

(Manuela Resendes)

Cristiano Ronaldo

Sempre admirei o Cristiano Ronaldo, desde o seu percurso de vida ao seu profissionalismo, entusiasmo e ambição.

Vibrei, e muito, com todas as suas conquistas e por ter levado o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo.

Foram 20 anos de alegrias, troféus, recordes, e todo o tipo de conquistas, que fizeram dele o melhor do mundo no futebol.

Mas apesar de ter atingido este patamar, Cristiano Ronaldo nunca renunciou às suas origens e esteve sempre ao lado da sua família, proporcionando todo o conforto e bem-estar aos seus, o que diz muito do seu caráter.

Ronaldo tinha uma vida quase perfeita, família, amigos, bens materiais e realização profissional. Mas como a vida não é perfeita passou-lhe a pior “rasteira”, com a morte de um filho tão desejado e a doença da sua filha bebé.

Apesar de Ronaldo ser muito forte mentalmente esta situação está para além do que é suportável, impedindo que o seu equilíbrio emocional se restabeleça. Os feitos de Ronaldo não são deste mundo, mas felizmente ele é uma pessoa sensível, altruísta e atento ao outro. Assim, mesmo sabendo que poderia ser prejudicado no futebol, escolheu ficar com a sua família, para juntos ultrapassarem esse momento tão doloroso.

O que ele com toda a certeza não esperava era que um acontecimento de vida tão trágico não fosse acolhido com empatia, cuidado e tempo para a sua recuperação. Pelo contrário esse momento de vulnerabilidade foi aproveitado para ser humilhado, prejudicado e pressionado ao limite, para originar o erro que todos depois poderiam apontar.

E que gozo que isso tem dado a muitos: a oportunidade que tanto esperavam…

Não consigo compreender estas atitudes mesquinhas, mas menos ainda compreendo a ingratidão de tantos portugueses que guardaram “todas as pedras” para atirarem neste momento.

Mas Cristiano Ronaldo ficará sempre para o História, independentemente de fazer ou não um bom campeonato mundial, e os outros serão sempre os outros, sem nome nem história.

Terei sempre orgulho em ti!!!

(Manuela Resendes)

Um sopro de vento…

Olho o céu e fascina-me o movimento das nuvens que seguem apressadas, atravessando, indiferentes aos problemas do mundo, a luz discreta das tardes de outono.

As folhas dançam de forma elegante e harmoniosa, com coreografias feitas no ar ou no chão, num movimento interminável.

O sopro de vento vai descendo montanhas e, atravessando vales, abre brechas em algumas barreiras onde ficaram presos um punhado de sonhos, ampliando assim o meu espanto.

E porque a arte de iluminar a vida em situações de maior opacidade nos permite enxergar o futuro com tons mais coloridos, vamos retirar os automatismos do nosso quotidiano para que possamos ser todos os dias viajantes desta aventura que é a vida.

Vamos seguir como o vento, leves, livres e felizes!!!

(Manuela Resendes)

A insensatez do mundo…

Que mundo é este, em que a humanidade se alimenta de insensatez, em que predominam interesses individuais e há uma impotência da razão?

Que mundo é este, em que a bondade anda por caminhos desviados, atalhos sufocados e sem norte para repousar?

Que mundo triste é este, em que sentimos passar brisas de insensatez em cada fresta, em cada brecha e em cada sulco?

Que mundo é este, onde a bruma onde me movo está prenhe de cansaços, enganos e caminhos com pedras fora do chão?

Que mundo é este, onde tantos mastigam o silêncio na mais profunda solidão, sem que ninguém lhe dê a mão?

Que mundo é este, onde todos os dias acontecem derrocadas, onde me apresso a juntar os pedaços, para não assistir ao desmoronar?

Mas para aliviar toda a escuridão do meu coração, uma estrela brilhará para me mostrar que em todos os desertos existe um oásis…

(Manuela Resendes)

Lançamento do “Anatomia do Quotidiano” em Ponta Delgada

Na última sexta-feira, dia 14 de outubro, o meu livro “Anatomia do Quotidiano” foi lançado em Ponta Delgada, numa sessão que decorreu na Biblioteca Pública e Arquivo de Ponta Delgada. Na sessão intervieram a Prof.ª Ana Teresa Alves, que apresentou o livro, e a diretora da Biblioteca, Dr.ª Iva Matos.

Agradeço a todos aqueles que comigo quiseram partilhar um momento que recordarei para sempre.

Bem hajam!

(Manuela Resendes)

(fotografias de Luís Ferreira)

Convite – Lançamento do meu livro “Anatomia do Quotidiano” em Ponta Delgada

No próximo dia 14 de outubro, pelas 18h00, será lançado o meu livro “Anatomia do Quotidiano”, num evento que terá lugar na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

O livro será apresentado pela Professora Ana Teresa Alves, da Universidade dos Açores.

Teria um grande gosto se puder contar com a vossa presença.

(Manuela Resendes)

Vamos para a escola…

Hoje foi o dia de regressar às aulas para muitas crianças, numa rotina que apesar da mudança dos tempos tem sempre o perfume do Outono.

Recordo que na minha infância sonhava com este dia, com alegria e expetativa. As semanas que antecediam o regresso às aulas eram de preparação de todo o material para o novo ano letivo. Os cadernos eram forrados, os lápis bem afiados e tudo o que pudesse ser reciclado era, não sem emprestar o brilho do novo. Até a roupa era preparada com todo o cuidado, e estabelecida uma fronteira com a que se usava em casa…

Era o fim das “férias grandes”, que como o próprio nome indica de tão extensas se tornavam aborrecidas e pareciam simplesmente não terem fim. Instalava-se um certo tédio nos dias que corriam sempre iguais, e a aventura de novas aprendizagens era muito apetecível.

Atualmente tudo é diferente: as férias já não são “grandes” porque nunca se chega ao tédio, na medida que o tempo está sempre preenchido com múltiplas atividades e experiências, numa fuga à rotina, que parece revelar medo do ócio e do pensamento criativo que só o espaço livre proporciona.

Mas esse espaço em branco é o que permite criar, inventar, sonhar e sentir a alegria da descoberta de novos mundos.

Votos de um excelente ano letivo para todos!

(Manuela Resendes)

Acolher a novidade

E chegou ao fim agosto, mês por excelência do sol tatuado na pele, das emoções fortes, dos encontros e reencontros.

Agora é tempo de beber o orvalho de pétalas a desabrochar, com a luz límpida das manhãs em fundo.

É o momento de dar liberdade às “borboletas “que nos habitam, para que possam desafiar os horizontes, e desapegarmo-nos de tudo o que nos impede de dar o salto para o síitio onde habitam os recomeços.

Vamos transformar cada falso fim, cada momento áspero ou as rotas incertas em noites que embalam a lua para novos anseios.

Os dias sombrios serão iluminados pelas estrelas que irão desvendar caminhos desconhecidos para onde se verá a tocha da liberdade.

Deixar que o sol irradie pedaços de vida e deles faça nascer poesia em que as perspetivas se refaçam.

E lentamente a alma vai despertando e caminhando para um destino de Paz!

(Manuela Resendes)

Entrevista na Rádio Atlântida sobre o meu livro “Anatomia do Quotidiano”

Um grande gosto ter sido entrevistada na Rádio Atlântida sobre o lançamento do meu livro “Anatomia do Quotidiano”.

Agradeço à jornalista Margarida Portela a e a toda a equipa pela receção calorosa.

Aqui fica o ficheiro áudio da entrevista..

O livro pode ser adquirido na ilha de Santa Maria na tabacaria do aeroporto. Em São Miguel pode encontrar-se na Livraria Letras Lavadas (Largo da Matriz, 69 R/C – Ponta Delgada) ou online (https://www.letraslavadas.pt/)

(Manuela Resendes)