Esta foi a Aldeia Histórica que escolhi, para iniciar a minha viagem da solidariedade.

Castelo Novo tem uma paisagem que nos envolve, em plena serra da Gardunha num misto de sentimentos em que a beleza não nos faz esquecer o isolamento, em que o fascinante se mistura com o realismo, das duras histórias de vida que pude testemunhar.

Emocionei-me ao verificar como a D. Vicęncia Diogo de 84 anos de idade, recorda o passado, vive o presente e encara o futuro. A viver só, com inúmeros problemas de saúde e sem o poder e a liberdade de outros tempos, confinada ao pouco que a vida ainda lhe proporciona, apesar de ainda conseguir fazer 2 quilómetros para ir tratar da sua horta, da qual colhe, quando o ano é bom, batata, feijão, grão e hortaliças, ajudando também a colmatar os parcos recursos financeiros, confessa sentir-se “numa prisão”, porque pouco mais resta para fazer e quase não há com quem conversar…

Também o Sr. Engenheiro Raul e a sua mulher, a D. Laurinda, que viveram grande parte das suas vidas em grandes centros e muito ocupados profissionalmente, voltaram a Castelo Novo, pelos graves problemas de saúde do Sr. Raul, em que a ajuda familiar se tornou imprescindível. Apesar de gostarem muito de lá viver, o problema da falta de acessibilidades para pessoas de mobilidade reduzida e de assistência médica, e a necessidade de contacto com pessoas diferentes para contar as mesmas histórias de outros tempos, fizeram emergir alguma solidão.

Falando com outras pessoas idosas, a falta de médico, e portanto a dificuldade de acesso a cuidados de saúde, foi uma queixa recorrente.

Em Agosto a aldeia volta a ter a alegria e a vida de outros tempos, mas para quem já tem idades muito avançadas um ano pode ser tempo demais.

Solidariedade é a palavra de ordem….