Esta foi a Aldeia Histórica que fui visitar hoje, com lugares que guardam testemunhos de séculos.
Contrastando com a paisagem soberba, com vista para a encosta oriental da Serra da Estrela, recolhi testemunhos com grande carga emocional, de vidas sofridas de muito trabalho, problemas de saúde e financeiros mas, essencialmente, muita solidão. Em Belmonte há médico, farmácias, centro de saúde, cafés e lojas, mas as pessoas idosas estão sedentas de quem as escute, de quem as conforte.
Deixo o testemunho da D. Lurdes, quase com 80 anos de idade, e que ficou viúva à 4 meses, com inúmeras patologias, exíguos recursos financeiros e a quem vão faltando as forças para uma vida de trabalho, como sempre foi habituada. Sente que o sentido da vida “desapareceu” com o seu companheiro…
A D. Irene deixou-me com a alma cheia e o coração apertado, depois de me contar a sua dramática história: disse-me que gostava que todos os dias pudesse partilhar momentos com uma pessoa como eu, que apareceu “como um anjo”, e que ficaria o resto do dia a conversar comigo, se fosse possível.
Contou-me que ficou órfã de mãe aos 3 anos e foi institucionalizada, local de donde o pai posteriormente a resgatou, para o trabalho duro na agricultura. Tem 78 anos, ficou viúva à 20 anos, vive só, sem telefone, nem outras comodidades. Não se lembra de ter comido carne ou peixe, pois alimenta-se do que a terra dá. Tem graves problemas de saúde, inclusivamente um braço imobilizado, sequela de um atropelamento, mas encara tudo com um desconcertante sorriso no rosto e a certeza que está era a vida que lhe estava predestinada… e acabou dizendo que “muita sorte teve porque hoje foi um dia feliz”.
E eu ainda mais sorte tive ao encontrar a D. Irene! E a D. Lurdes! E todas estas mulheres de garra, a quem a vida não assusta…
Bonito gesto.Parabéns
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Existem de facto pessoas incríveis e que nos ensinam sempre tanto…! beijinho 🙂
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Obrigada….tem sido muito gratificante poder fazer a diferença, na rotina destas pessoas.
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