Apesar de termos consciência da inevitabilidade da morte nunca estamos preparados para deixar partir aqueles que amamos.
A dor dilacerante da separação vai-se atenuando, dando lugar à nostalgia da saudade, às doces memórias, ao carinho da lembrança, nascendo em nós uma vida que nos habita de forma serena e harmoniosa.
São precisas muitas noites e muitos dias para que as lembranças nos façam esboçar um sorriso, para perceber que a separação é apenas física, para nos regenerarmos e assim podermos acolher novamente as dádivas da vida.
Aprendemos a valorizar o que é realmente importante, de uma forma mais profunda, mais ampla, praticando o desapego do que não nos enriquece interiormente.
Aprendemos a amar mais e melhor aqueles que permanecem connosco, pois esse é o milagre que nos resgata, porque apesar das suas imperfeições e imprevisibilidades, e dos dias nublados que não nos deixam ver o sol, a vida é a mais valiosa oportunidade, o desafio mais fascinante, apesar da sua dolorosa totalidade, que nos faz perceber que neste mundo nada nos pertence… não somos daqui!
(Manuela Resendes)