Certamente já vivi mais anos do que aqueles que tenho para viver…
No entanto, gosto de comemorar cada aniversário como único que é, celebrar as conquistas, regozijar-me das vitórias, mas também da superação das dificuldades, absorver os ensinamentos da derrota, porque tudo isso é vida…
Mas este é também o tempo em que nos deparamos com as perdas, com as dependências daqueles que um dia foram os nossos heróis, a nossa âncora, o nosso colo e hoje tentamos descortinar nos corpos frágeis a força, nos olhos sombrios o brilho, nas palavras de desalento a coragem, mas sentimos tudo demasiado distante…
Sente-se uma brisa de outono, soltando as folhas secas, que deixam cair lembranças dos dias cálidos e floridos.
Pressente-se um silêncio na azáfama dos dias, libertando o aroma das madrugadas frias em que o tempo some, sem rumo.
Instala-se uma melancolia serena, como o vento que a embala, e é então que cai uma lágrima, que irá regar o chão, que fará desabrochar uma flor na Primavera!
(Manuela Resendes)