Na vacuidade dos dias…

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Os dias passam de forma tão igual que já não têm nome, apenas assistimos à sua fugaz passagem.

São inóspitos, desprovidos de cor e novidade, alheios a emoções e atracados em portos que impedem a viagem e o sonho.

Carecem de toque nos afetos, das conversas olhos nos olhos, que convidam às evocações e confidências e aos silêncios repletos de palavras.

Falta poder desfrutar do campo e da cidade, da areia e do mar, sem medo em cada passo, em cada toque e em cada encontro.

A imaginação não chega para preencher o vazio destes dias de sobrevivência, também ela refém do confinamento e da inquietude.

Fomos subitamente confrontados com o improvável, com a paragem e o silêncio. Resta-nos espreitar a nesga por onde passa o raio de sol, que ilumina estes dias inquisidores  pintados em tonalidades de cinzento.

Despedimo-nos do Inverno e abraçamos a Primavera, mas ainda só conseguimos ver a sombra da sua luz.

Vivemos numa ilha dentro da ilha, em que a janela é o elemento que nos liga ao exterior. E é o avistamento do mar, na linha azul do horizonte, que nos devolve a esperança da fuga, da surpresa e do infinito prazer de viver!

(Manuela Resendes)

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