
O baloiço sempre foi um dos meus brinquedos preferidos, ainda que o poder de escolha não fosse muito diversificado.
A sensação de voar, de ser levada e desenhar sonhos no ar, sempre me fascinou. Rasgava os céus para atingir destinos longínquos, inventava novas vidas, fugindo assim à monotonia dos dias que corriam sem novidade.
Neste voo, dançava com o vento e cantava para ouvir o eco das palavras, ganhando a voz que não tinha, prenúncio de um novo tempo.
Aproveitando cada impulso deixava a vida fluir, perdendo a medida do tempo na certeza que um novo sol iria sempre raiar.
E neste vai e vem deixava cair medos e angústias, e colhia a liberdade e audácia de querer ver para além do horizonte.
Ainda hoje gosto de andar de baloiço, num movimento que sinto como uma metáfora da vida: com altos e baixos, ganhar impulso para o voo com os pés assentes na terra, com a inevitabilidade de que o caminho nāo é linear e que a corda pode ruir.
Mas se nāo ousarmos, o tempo passa e a vida acaba por seruma promessa por cumprir!
(Manuela Resendes)
