
Gosto de florestas e de mares onde me possa perder, para me distanciar do que melhor quero ver.
Quero que os meus olhos se habituem à calma e à serenidade para me permitir deter nos pormenores.
Gosto de olhar a vida do alto de uma montanha, neste desejo insano de voar, almejando tocar a eternidade.
Gosto de perscrutar os recantos da vida, sondar rostos e corações, permitindo que a miséria não me pareça estranha, tendo assim oportunidade de ser solidária com quem precisa.
Persigo nas ruínas luzes raras que produzam sombras claras, donde se possa avistar o céu.
Gosto de olhares ternos, verdadeiros e que vêm por bem, fazendo esquecer a feira de egos e vaidades que vai predominando no mundo.
Gosto de aplaudir o sucesso dos que trilharam o caminho do esforço, do talento e do mérito.
Não me calo perante a injustiça em que tropeço a cada passo, e ponho todo o meu empenho no resgate da esperança numa sociedade em que me reveja.
Gosto de preencher os meus vazios com sonhos, encetando assim as raízes de novas emoções, que permitam atravessar os desertos mantendo-me inteira.
E a minha sensibilidade leva-me por vezes às lágrimas quando consigo abrir as janelas que fazem ponte para o mundo, tocando a alma do outro e apaziguando assim a minha inquietude!
(Manuela Resendes)
