Silêncios que falam

Existem silêncios que dizem mais do que vozes que soltam palavras ao vento…

Quando o silêncio nos aborda, carregado de melancolias que brotam das nossas sombras, emergem as verdades silenciadas.

Quando somos invadidos por medos, nas noites infinitas onde o futuro nos vai sendo confiscado, o silêncio pesa mais do que qualquer aurora sonolenta.

Quando a promessa de resistir à dura realidade se desvanece, e a réstia de esperança se esfuma, vivemos a mais radical experiência da nossa vulnerabilidade.

Mas o silêncio também pode ser paz e reconciliação, momentos em que se decifram enigmas opacos que permitem destravar bloqueios. Permite-nos, assim, um manuseamento tão atento e tão íntimo das palavras, fugindo a juízos mecânicos e precipitados.

E neste tempo em que fomos obrigados ao recolhimento, à travagem do quotidiano vertiginoso, que nos saibamos inspirar em existências mais atentas e humanizadas.

Que saibamos sair dos claustros e olhar as transparências, donde irrompe o inesperado para ser acolhido e habitado num lugar chamado Futuro!

(Manuela Resendes)

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