
Vejo a noite a espreitar por entre as cortinas e fixo-me na luz que vai sendo cada vez mais precária e fugidia.
Penso nas pessoas para quem a noite é tempo de inquietude e sobressalto, num mundo que vai morrendo à mingua do que é essencial.
Penso nas crianças que são violentadas, sendo-lhes roubado os olhares inocentes que eram a janela para as maravilhas do mundo.
Penso nos idosos que passaram mais um dia sedentos de atenção e afetos, olhando o tempo a fugir e a esperança a desvanecer-se.
Penso nas pessoas que são” invisíveis “para a sociedade, e que cansados de lutar se afogam nas águas turvas da desilusão.
Penso em quem é vitima de ódios crispados, fazendo dos céus estrelados noites opacas.
Penso naqueles que não têm voz e no silêncio da noite ouvem o eco do seu grito.
E penso se estarei a fazer a minha parte para tornar este mundo injusto e hipócrita num lugar melhor.
A sós comigo irei fazer essa reflexão!
(Manuela Resendes)
