
Sinto o cheiro da terra lavrada onde germina a semente do tempo, num ciclo infinito onde aos dias se sucedem as noites.
O sol debruça-se sobre a planície, num jogo de luzes e sombras, aquecendo a pedra fria, testemunha de tantos segredos.
Mas faço a viagem sem medir a passagem do tempo, não sou de hoje nem de ontem, porque só me sinto inteira onde não me impõem limites. Perco-me por caminhos invisíveis, como as estrelas no céu da liberdade e sigo leve como o voo do pássaro.
Caminho descalça na areia, para deixar pegadas de momentos felizes e subtis angústias, numa soma de histórias que fazem as nossas memórias.
Guardo comigo todos os instantes onde as paisagens eloquentes se estendem na distância, à luz de um doce entardecer, percorridas como as nuvens no céu, sem tempo, nem amarras.
Porque o tempo não são as horas contadas e os dias medidos, é sim a vida a acontecer, com os mistérios e evidências na sua infinita sabedoria.
(Manuela Resendes)

No cheiro da terra lavrada sinto a exalação do princípio do mundo.
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Sempre pertinente. Obrigada
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