Hoje o sol espreitou por entre nuvens, e mesmo com tons carregados de escuro já consegui pressentir a liberdade.
O mar espraiava-se na areia, ora de forma calma, ou mostrando alguma arrogância, metáfora de que ainda não o podemos desfrutar, mas apenas, tentar decifrar os mistérios que transporta.
Os pássaros pousaram perto de mim, cada um cantando uma melodia diferente, saudando a alegria que já nos permitimos sentir.
Uma criança corria alegremente e o seu riso, levado pelo vento, ecoava familiar e a sua espontaneidade contrastava com os olhares inquisitórios ou inquietos, em rostos cobertos de máscaras, que me reposicionaram na realidade deste Mundo Novo.
Vamos recuperando, em pequenos e prudentes passos, aquilo que havíamos dado como adquirido de forma vitalícia, mas a realidade mostrou-nos que nada é eterno nem programável, sendo a vida constituída por instantes em aberto.
Esta é a oportunidade de acolher um futuro que transcenda o utilitário, inspirado em modos de vida mais humanizados e olhando o que já conhecemos de forma a ver para além do óbvio.
E que o enigma da vida nunca nos faça perder a capacidade de proferir palavras que nos façam sonhar.
(Manuela Resendes)