Este foi provavelmente o ano mais atípico das nossas vidas…
Os dias sucederam-se até ao momento num padrão muito diferente do habitual, de tal forma que nos perdemos na inevitabilidade dos acontecimentos.
Agora, neste recomeço tímido e pontuado de inseguranças, temos de prosseguir unindo as margens do tempo, permitindo acolher a novidade e desviando o que tolhe o livre trânsito da vida.
Depois de um tempo de silêncio, escutamos o mundo com outra sabedoria, ampliando o nosso olhar e percebendo a dolorosa totalidade da vida e a sua desconcertante simplicidade.
Aprendemos a borrifar a nossa imensa vulnerabilidade com o perfume da esperança, e a dispensar o imediatismo das nossas expetativas.
Nem todos recomeçamos no mesmo patamar de futuro e tenacidade, mas teremos um aceno de esperança se soubermos entrelaçar os dedos. Dedos de mãos que dão e mãos que recebem…
Se a catarse das emoções do confinamento em vez de se fazer com raiva, ódio e violência gratuita, for energia transformadora para nos reinventarmos, amparados em abraços protetores, algumas batalhas serão ganhas.
Importante também é nunca perder a capacidade de sonhar, desenhando novas aventuras, em céus estrelados.
Quero visitar o futuro, usando o meu melhor adereço… brilho no olhar!
(Manuela Resendes)