
Caminho pela rua quase deserta e sinto uma brisa hostil imbuída de nostalgia.
Ouço, numa linguagem de segredos, palavras que se soltam da calçada, perturbando a minha paz e perseguindo a minha sombra.
Tento em vão decifrar o seu significado, porque apenas resta o eco do seu silêncio.
Cruzo-me com olhares disfarçados de risos, que provocam em mim uma sensação de estranheza e desconforto.
Neste vazio, de espaços infinitos povoados de muros de angústia, vou temperando as vicissitudes da vida, com uma bondosa esperança perfumada de futuro.
E neste tempo sem acostagens, olho os barcos que chegam e partem, carregados de lutas que intimidam e de emocionantes despedidas.
Mas esta luz vaga que rasga as nuvens, carrega fragmentos de vida com infinitas possibilidades de acolhermos a novidade do mundo.
E quando a fadiga começa a pesar, e a mente a silenciar, esta vivência da nossa própria vulnerabilidade é a alavanca que nos permite progredir para outras dimensões da vida, reinventando os alicerces do nosso equilíbrio.
E porque a vida é maior do que nós, o tempo que nos pertence, e o que fazemos dele, é o nosso mais importante legado.
(Manuela Resendes)

Sinto um embevecimento total ao ler estes textos. Minha alma fica parva com tanta beleza. Entro, deveras, em êxtase…OBRIGADO por estes momentos de prazer, causados pela admiração das suas palavras.
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Obrigada!!!
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