
Este é um verão diferente, sem festas, nem festivais, sem convívios alargados, nem viagens exóticas.
Mas estes dias de luz intensa e muito colorida podem-nos trazer a tão almejada paz, de um tempo sem tempo com que tanto sonhávamos.
Contemplando um pôr do sol laranja, que se mistura com o azul do mar, sentindo a brisa que me refresca, sinto um desejo que me transcende de eternizar estes momentos.
Passeiam-se em mim lembranças e saudades, mas também novos encontros e reencontros, em que não só se esbanjam risadas e emoções como se sacia a sede de uma alegria quase inocente.
Não podemos deixar que a nostalgia nos impeça de sentir o aroma das amoras silvestres e da terra molhada, perfumes de verão que nos inebriam.
E dos azuis que irrompem do mar e do céu soltam-se palavras desertas e desamparadas, que ganham agora um novo sentido. E a natureza prossegue o seu ciclo, indiferente, como a seara de trigo que depois de ser restolho, germina novamente.
Na hora de acolher a noite, a olhar as estrelas, sinto-me fascinada pelo silêncio, em que calo as palavras para poder usufruir de tantas sensações, que uma noite de verão pode despoletar.
(Manuela Resendes)

Cala as palavras enquanto contemplas. Mas depois, grita-as bem alto,
para que todos possamos partilhar das tuas emoções. Bj
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