
O dia amanheceu chuvoso e triste, anunciando a aproximação do Outono.
Senti o passar do vento na pele, onde se vão apagando as marcas do sol e desvanecendo o sabor a sal, tal memórias do Verão.
Cobri-me com a manta do silêncio e fiquei a ouvir a chuva límpida que caía de nuvens com a cor da melancolia.
Saio a rua e vejo pessoas de olhar vazio à espera de nada, vendo no reflexo da água resíduos de juventude, e no arrepio da pele o travo da solidão.
Vejo as folhas a soltarem-se das árvores e a serem transportadas pelo vento, lembrando o eco das despedidas e convidando à introspeção.
Os dias encurtaram, mas nāo vou deixar de caminhar na areia molhada, onde a espuma das ondas acaricia a pele e o azul do mar já denuncia a sua inquietude.
Esta brisa marítima, carregada de liberdade e imprevisto fascina-me e convoca o encontro com a esperança num reduto de paz.
E quando chega a noite, sem se anunciar, no conforto da casa rodeio-me de livros que me alargam horizontes e devolvem a luz que vai alumiar os dias mais sombrios.
Porque o Outono nāo tem de ser triste!!!
(Manuela Resendes)
