
Hoje acordei cansada… despertei do sono e para alcançar a luz da aurora tive de atravessar densos nevoeiros.
O vento soprava de forma cruel e ouvia o rumorejar das folhas, ressequidas pelo sol, a serem revolvidas junto ao chão.
Os meus olhos viajavam em silêncio, encontrando mundos onde as crianças nascem já para uma vida miserável.
A minha revolta espelhava-se num mar tempestuoso, que batia com ira nos rochedos, rasgando as velas dos sonhos que embalava.
Um misto de sensações abstratas invadiram-me, com indecifráveis medos e disfarces de esperança, e vem-me à memória a angústia das primeiras despedidas, num roubo à infância, deixando no caminho uma curva invisível, apesar de mantido o rumo.
Agora, nesta melancolia que deambula em mim, nem alegre nem triste, espero a noite aconchegante, o sono que adormece o corpo e a serenidade que me acalme a alma.
Escuto, mas apenas ouço a voz da minha consciência, sempre atenta…
Mas a madrugada clara irá nascer, plena de promessa de vida feliz para cumprir!
(Manuela Resendes)
