Desafios

Estes são tempos desafiadores, em que os dias se sucedem mas a passagem do tempo faz-se num silêncio perturbador.

O sol vai e vem e os dias enchem-se de vazios, despojados de proximidade, espontaneidade, parcos em afetos, num quotidiano inventado para preencher os espaços vazios de vidas suspensas.

Olhares que se perdem, em rostos colados à janela, bálsamo para a ansiedade resultante destes dias tão cheios de nada.

O vazio de olhares que se perdem a procura de uma mão amiga, do perfume conhecido, do calor que humaniza quartos frios onde quase nada resta, de vidas tão repletas de tudo.

Em caras tapadas, descortinamos olhares de medo, incerteza, revolta, de vidas adiadas, numa nova realidade destruidora de sonhos e de futuro.

Mas é nestes momentos que temos de pôr à prova a nossa resiliência, focar no que é essencial, adaptando as nossas rotinas e inventando novos sonhos.

É o tempo de sorrir com os olhos, tocar na alma e abrir o coração, reinventando a corrente dos afetos.

E com a certeza de que na Primavera as flores voltarão a florir, teremos na natureza uma fonte inesgotável de força e inspiração.

(Manuela Resendes)

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