Silêncios que falam…

O silêncio é quase imperturbável!

Ouço apenas o rasgar do vento e os pássaros a cantar mas, ao invés de me apaziguar, esta aparente serenidade remete-me para as minhas vozes interiores.

Ecoam em mim os gritos do mundo, o choro de fome das crianças, o desespero de mães em salvarem os seus filhos e o medo da morte que leva a atos tresloucados.

Vejo imagens de inocentes a morrer numa total desvalorização pela vida, violência gratuita em nome de deuses evocados em vão, fazendo desaguar o desespero em becos sem saída.

Ouço gritos de revolta de sonhos de uma vida desfeitos por uma bala perdida, dores que não têm analgesia que as cure, injustiças que não vêm uma fresta de luz.

Sinto-me impotente mas inquieta e incomodada perante esta avalanche de violência, opressão e injustiça de que o mundo padece, para além de doenças, invejas e egoísmos odiosos.

É então que abro a minha janela e o espetáculo da natureza devolve-me uma nesga de esperança, regeneradora, porque me faz acreditar que gota a gota, com os nossos pequenos contributos, possamos contribuir para mitigar as dores do mundo, não nos escudando na nossa pequenez perante a grandiosidade dos problemas.

As dores que não vemos ou sentimos não deixam de existir…

(Manuela Resendes)

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