
Os dias já não se estendem em longas tardes de brisa suave e morna, lembrando-nos que o Verão está prestes a acabar. O tempo incerto e o sol tímido, que aparece para logo se esconder por baixo das nuvens, é prenúncio de que os dias sem horas, descontraídos, e com a pressa estacionada numa qualquer praia, vão ficando para trás.
Mas este é o eterno ciclo da natureza, da mutabilidade das coisas que vamos absorvendo com a passagem de uma aragem carregada de liberdade.
As cores vão desmaiando e adquirindo novas tonalidades, mais quentes e temperadas de utopia, de uma espera com portas abertas para o horizonte.
Mas é no silêncio das tardes de Outono, que agasalho a alma com poesia ao som de melodias suaves, para que possa albergar em mim todas as cores e todos os sentimentos, reinventando-me, mas sempre na procura de azuis suaves.
Mas como num olhar atento tudo tem uma beleza peculiar, fico extasiada a ver os tapetes de folhas secas que se estendem à minha passagem…
(Manuela Resendes)
