
Existem dias em que os silêncios nascem de palavras que acordam já fatigadas. Os vazios multiplicam-se e ficam repletos de sombras que não são filhas da luz.
Os dias adormecem antes da noite, numa inércia que se faz de um movimento sem fim, num cansaço sonolento de rotinas banais.
Na casa pequena, em que do telhado se faz chão, são os sonhos que a ampliam até nela caber o universo.
O vento que bate na janela não vem acompanhado de tempestade mas sim de calmaria. O sol entra quando é já poente e a visão do vizinho do lado está para além do horizonte.
Os dias estão vestidos do avesso, pretendendo a dignidade que injustiça não confere. As guerras fazem-se não para matar a fome, mas para auferir mais riqueza.
As lágrimas são disfarçadas de sorrisos, a tristeza tapada com máscara e a dor anestesiada com químicos, porque o mundo é dos “fortes”.
Só um trapezista de almas, com saltos vistosos e arriscados, poderá virar novamente tudo ao contrário!
(Manuela Resendes)

“É manancial de Amor que se perde
Quando o poeta se veste de verde!”
(vestir de verde é uma alusão à farda bélica. Estes versos fazem parte de um longo poema que escrevi qd estive em Angola, na guerra do ultramar)
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Muito bom!!!
Obrigada por partilhar.
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