Pureza…

Sinto saudades da pureza do lugar onde nasci, onde as coisas eram simples, belas e descontaminadas.

Lembro os olhares inocentes, os lugares misteriosos e a descoberta de insignificâncias que provocavam emoções fecundas.

Saudades da música das festas, do aroma das candeias e dos amigos que ficaram lá.

Olhos que me seguiam, com as mãos postas no regaço carregadas de doçura, tecendo dias sem memória.

O sol cegava as palavras que deixavam cair um silêncio para se poder ouvir o passar do vento, o azul da chuva e o feitiço do mar.

O despertar com a luz a atravessar a nudez dos vidros e com o canto dos pássaros a anunciarem a alvorada.

As tardes que surgiam de mansinho, dando lugar a céus estrelados que tornavam todos os sonhos possíveis.

Era um tempo em que corríamos mais rápido do que a vida e hoje não a conseguimos apanhar…

(Manuela Resendes)

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