
Mar que és a minha estrada mais segura para passar além da dor, entre perigos e abismos, desembarcando em ilhas misteriosas de noites puras, que lavam a minha alma.
Liberto-me assim das humanas quimeras, de vãos anseios e navego numa esperança em movimento, sobre águas translúcidas.
Solto as amarras dos sonhos que são lançados ao azul do mar, caminhando por ondas entreabertas e buscando respostas às perguntas urgentes. Quero assim inventar a alegria de que o mundo carece e multiplicar a empatia que tende a desaparecer, descobrindo manhãs claras na luz impura e no mar cinza.
Quero sentir o silêncio no bater das ondas, sem perturbar a paz que me foi dada pelas ninfas do mar.
Mas mesmo em dias de tempestade, em que soltas espuma branca de revolta, a tua beleza cativa e o teu inconformismo comove.
E se o tempo não tiver fim, nesse instante de eternidade em que o céu e o mar se encontram, ouvirei num búzio a canção do mar, salpicada de sal e de pólen de luz, guardando, feito tesouro escondido, o sonho que ainda tenho de um dia ser sereia!!!
(Manuela Resendes)
