
O mar é o nosso chão e a ponte que nos liberta para uma existência maior do que nós. Somos fascinados por navios que rasgam ondas e aviões que perseguem nuvens, possibilitando ver o que está além do horizonte e tocar a linha mágica, onde o mar e o céu se encontram e a vida se refaz.
Convivemos com naturalidade com a fúria do mar encapelado, com os ventos que correm apressados e com as chuvas que se transformam em cascatas deslumbrantes, nesta sofreguidão de delícia e dor, ou de trevas e luz, que constitui afinal a essência da vida.
Respeitamos quando das profundas entranhas da terra a fúria telúrica nos abala, para logo nos deliciarmos com águas que brotam quentes e saborosas.
E ao ritmo das marés deixamos que as palavras se soltem, temperadas de maresia e concebidas em ondas de desassossego, para serem cantadas pelas gaivotas.
E não há melhor ouvinte para os meus segredos do que o mar, onde desnudo a minha alma e embalo os meus sonhos a partir daquela praia onde o vento faz o voo do meu pensamento.
E a ilha, por vezes, cabe toda nesse pequeno quinhão de areia…
(Manuela Resendes)

Ilhéu é aquele que se habita permanentemente, pois está consigo a todo o instante…
Este belo texto reflecte a beleza interior da sua autora.
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Obrigada!!!
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